A proposta do governador José Ivo Sartori, de pagar a folha dos servidores estaduais de maneira escalonada, começando pelos menores salários – que inclui os professores –, não agradou aos educadores. Na tarde desta quarta-feira, o 2º Núcleo do Cpers/Sindicato realizou uma assembleia, em Santa Maria, e aprovou as propostas (veja abaixo) que serão apresentadas, sexta-feira, na assembleia geral da categoria, no Gigantinho, em Porto Alegre. Cerca de 200 professores participaram da atividade, segundo o Cpers, e a ideia é intensificar as mobilizações da greve.
O último levantamento do Diário, realizado na segunda-feira, registra que pelo menos 20 escolas estão em greve, seja total ou parcial, em Santa Maria. De acordo com o diretor do 2º Núcleo, Rafael Torres, a categoria seguirá com o movimento grevista até que o governo do Estado termine com o parcelamento ou escalonamento de salários e retire as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) 256, 257 e 258 de apreciação da Assembleia Legislativa (AL). Para Torres, essas PECs retiram direitos da categoria.
– O governador apenas trocou um parcelamento por outro. Pagar os salários de maneira escalonada, começando pelos menores salários, é tão injusto quanto parcelar. Nós queremos os salários de todas as categorias pagos em dia – comentou o diretor do 2º Núcleo.
Projeto de professor e aluna da UFSM ganha reconhecimento nacional
A vice-diretora do colégio Marechal Castello Branco, Tania Lenhard, 51 anos, está preocupada com o Projeto de Lei Complementar (PLC) 193/2017, que o governador enviou para a AL na última terça-feira, que propõe o pagamento dos juros pelo atraso dos salários, com base na taxa de juros da poupança. Tania afirma que os juros mensais da conta-corrente, de 12,12%, são muito maiores que as taxas mensais da poupança. Ela comenta que são 25 anos como professora estadual e, a cada governo, perde mais as esperanças de melhorar a perspectiva de vida.
APELO À CATEGORIA
O coordenador da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), José Luis Eggres, garante que "o governador está fazendo todo possível para atender às solicitações da categoria" e pede compreensão aos professores. Eggres entende que ao escalonar os salários, Sartori acata o pedido do fim dos parcelamentos.
Além disso, o coordenador se diz preocupado com o andamento do ano letivo e faz um apelo aos educadores: voltem a dar aulas. Eggres comenta que as escolas precisam encerrar o ano com 200 dias letivos e aponta que talvez não seja possível completar o calendário escolar caso a greve continue.
Sobre a possibilidade de os professores ficarem sem salários, o coordenador comenta que é uma questão prática:
– Enquanto os professores estão em greve, entende-se que não estão trabalhando, e no ponto deles aparece "greve". Assim, quando os diretores enviam à 8ª CRE a efetividade dos professores, que se refere aos dias trabalhados, pode ser que alguns educadores ficarão com um salário menor, pois será referente aos dias trabalhados – explica.
A greve foi deflagrada pela categoria no dia 5 de setembro. Atualmente, segundo Eggres, a coordenadoria avalia as efetividades referente a agosto e no próximo mês serão analisados os documentos de setembro, quando poderá ser apontado nos pontos dos professores poucos dias trabalhados.
O coordenador salienta que a greve é um movimento legítimo, mas comenta que a 8ª CRE precisa seguir as orientações da Secretaria Estadual de Educação.